sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Aya Kito (historia real.)

A história de Aya Kitō
Alguem conhece a historia dessa menina?
Provavelmente não, né? A história dela só ficou conhecida aqui no Brasil há poucos anos, através de uma novela japonesa   que chegou aqui pela internet.
Aya Kitō foi uma japonesa que viveu entre os anos de 1962 e 1988 (morreu aos 25 anos). Ela foi vítima de uma doença rara chamada degeneração espinocerebelar que, como o nome diz, progressivamente vai destruindo as funções do cerebelo e medula.

Com o avanço dessa doença, o doente vai perdendo progressivamente os movimentos do corpo, mas sem ter a mente ou memória afetada. Eu imagino que essa seja a mais triste condição humana, ficar aprisionado dentro de um corpo inválido estando consciente de tudo.


Imagem de tomografia computadorizada mostrando a degeneração no cerebelo

Desde a perda de equilíbrio, a doença evolui rápido e compromete os movimentos das pernas e braços do paciente, a função de deglutição e a fala. Então é questão de poucos anos até uma pessoa saudável não poder mais andar, escrever e falar. Essa doença pode ser hereditária ou adquirida, e nesse último caso, afeta mais as pessoas de meia-idade. Mas o caso de Aya foi mais raro ainda: Ela começou a apresentar os sintomas aos 15 anos.



Essa degeneração não tem cura, então os médicos, como faziam com outros pacientes, tentavam como podiam retardar a perda das funções de Aya com terapias, mas fatalmente os sintomas se tornavam mais e mais severos. Prevendo que ela perderia aos poucos a habilidade de escrever, o médico que ficou responsável por Aya pediu que ela escrevesse diários. Assim ela poderia expressar como se sentia e o médico poderia avaliar os danos através da sua escrita
Bem triste, não é? Foi assim que Aya se sentiu logo que soube da sua doença, claro. Mas o que torna a história dela única foi a sua capacidade de se manter otimista e não abandonar as esperanças até o final. Quando a gente passa por algum problema, é difícil pra nós escondermos isso. Algumas pessoas são mais resistentes, mas outras ficam irritadas, reclamam, choram, e tantas vezes os nossos problemas não são nada, são só um momento ruim que vai passar.

Como a gente não tem a ideia de que vai morrer logo, nós não conseguimos ver a vida da perspectiva que a Aya viu. Ela lutava pra passar cada dia da melhor maneira que podia, pois sabia que a menina que ela tinha sido hoje não voltaria amanhã. Amanhã ela estaria pior, podendo fazer menos coisas. Então ela dava valor a todos os detalhes que a gente não percebe.
"Eu não direi mais que quero voltar àquele dia, vou viver aceitando o eu de agora."
... 
"Eu gosto do som das bolas ecoando no ginásio, da sala quieta depois da aula, da paisagem que se vê da janela, do piso de madeira do corredor, das conversas em frente à sala de aula, gosto de tudo. Talvez eu só esteja incomodando, talvez eu não esteja ajudando ninguém, mesmo assim, eu quero ficar aqui. Afinal, aqui é o lugar onde estou."
Aya continuou lutando contra a sua doença durante 10 anos. Ela passou por momentos em que as pessoas riam dela, e era sensível ao cansaço da sua família e amigos, do trabalho que, sem querer, dava à sua mãe. Isso a entristecia, mas ao mesmo tempo, ela expressava o desejo de ser boa para as pessoas, porque via que eram bons com ela também.
"Eu agradeço por ser vista igualmente pelos meus amigos. 'Eu passei a gostar de ler graças a você', foi o que me disseram. "Ah, que bom", eu não causei apenas incômodo a elas, e pensando assim, não me importei muito." 

                                             Aya Kito  com 15 anos

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