A história de Aya Kitō
Alguem conhece a historia dessa menina?
Provavelmente não,
né? A história dela só ficou conhecida aqui no Brasil há poucos anos, através de
uma novela japonesa que chegou
aqui pela internet.
Aya Kitō foi
uma japonesa que viveu entre os anos de 1962 e 1988 (morreu aos 25 anos). Ela
foi vítima de uma doença rara chamada degeneração espinocerebelar que, como o nome diz, progressivamente vai destruindo as
funções do cerebelo e medula.
Com o avanço dessa
doença, o doente vai perdendo progressivamente os movimentos do corpo, mas sem
ter a mente ou memória afetada. Eu imagino que essa seja a mais triste condição
humana, ficar aprisionado dentro de um corpo inválido estando consciente de
tudo.

Imagem de tomografia computadorizada mostrando a
degeneração no cerebelo |
Desde a perda de
equilíbrio, a doença evolui rápido e compromete os movimentos das pernas e
braços do paciente, a função de deglutição e a fala. Então é questão de poucos
anos até uma pessoa saudável não poder mais andar, escrever e falar. Essa doença
pode ser hereditária ou adquirida, e nesse último caso, afeta mais as pessoas de
meia-idade. Mas o caso de Aya foi mais raro ainda: Ela começou a apresentar os
sintomas aos 15 anos.
Essa degeneração não
tem cura, então os médicos, como faziam com outros pacientes, tentavam como
podiam retardar a perda das funções de Aya com terapias, mas fatalmente os
sintomas se tornavam mais e mais severos. Prevendo que ela perderia aos poucos a
habilidade de escrever, o médico que ficou responsável por Aya pediu que ela
escrevesse diários. Assim ela poderia expressar como se sentia e o médico poderia avaliar os danos através da sua escrita
Bem triste, não é? Foi assim que Aya se sentiu logo que soube da sua doença,
claro. Mas o que torna a história dela única foi a sua capacidade de se manter
otimista e não abandonar as esperanças até o final. Quando a gente passa por
algum problema, é difícil pra nós escondermos isso. Algumas pessoas são mais
resistentes, mas outras ficam irritadas, reclamam, choram, e tantas vezes os
nossos problemas não são nada, são só um momento ruim que vai passar.
Como a gente não tem
a ideia de que vai morrer logo, nós não conseguimos ver a vida da perspectiva
que a Aya viu. Ela lutava pra passar cada dia da melhor maneira que podia, pois
sabia que a menina que ela tinha sido hoje não voltaria amanhã. Amanhã ela
estaria pior, podendo fazer menos coisas. Então ela dava valor a todos os
detalhes que a gente não percebe.
"Eu
não direi mais que quero voltar àquele dia, vou viver aceitando o eu de
agora."
...
"Eu
gosto do som das bolas ecoando no ginásio, da sala quieta depois da aula, da
paisagem que se vê da janela, do piso de madeira do corredor, das conversas em
frente à sala de aula, gosto de tudo. Talvez eu só esteja incomodando, talvez eu
não esteja ajudando ninguém, mesmo assim, eu quero ficar aqui. Afinal, aqui é o
lugar onde estou."
Aya continuou lutando contra a sua
doença durante 10 anos. Ela passou por momentos em que as pessoas riam dela, e
era sensível ao cansaço da sua família e amigos, do trabalho que, sem querer,
dava à sua mãe. Isso a entristecia, mas ao mesmo tempo, ela expressava o desejo
de ser boa para as pessoas, porque via que eram bons com ela também.
"Eu
agradeço por ser vista igualmente pelos meus amigos. 'Eu passei a gostar de ler
graças a você', foi o que me disseram. "Ah, que bom", eu não causei apenas
incômodo a elas, e pensando assim, não me importei
muito."
Aya Kito com 15 anos |
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